segunda-feira, 6 de abril de 2015

Blog do Leonel Porto: Pimentel, criando factóides para encobrir o que deveria mostrar

Blog do Leonel Porto: Pimentel, criando factóides para encobrir o que deveria mostrar

Pimentel, criando factóides para encobrir o que deveria mostrar


Após 96 dias sem conseguir mostrar um sinal sequer de que dará conta de cumprir suas absurdas promessas de campanha, Fernando Pimentel, o prefeito mais corrupto que já passou pela Prefeitura de Belo Horizonte em todos os tempos, resolveu criar um fato para tentar desviar a atenção dos mineiros.

Em entrevista concedida, como se festa fosse, ele começa dizendo que a situação do Estado é grave! Ora, Senhor Governador, em que país Vossa Excelência está vivendo? A situação de todos os estados e municípios do Brasil está é GRAVÍSSIMA!, graças ao desgoverno e corrupção dos seus comparsas de quadrilha que insistem em se manter a frente do Governo Federal, mesmo contra a vontade de 93% da população brasileira.

Vossa Excelência sabe que todos os orçamentos encaminhados para aprovação nas respectivas casas legislativas do Brasil, municipais, estaduais E FEDERAL foram ou estão sendo revistos. Todas as administrações estão sendo obrigadas a cortar gastos, sendo que, administradores responsáveis estão cortando na própria carne, reduzindo custos dispensáveis como os que estão sendo gastos com o pagamento de seus cargos de confiança, por exemplo, diferentemente do governo irresponsável da quadrilha a que Vossa Excelência pertence, que insiste em manter 40 ministérios (40, sim, porque João Santana também tem os poderes de ministro) apenas para não ter menos ladrões do que Ali Babá, e corta na carne da população. Diferentemente também do governo de Vossa Excelência que, até o momento, a única coisa que fez além de criar factóides, foi criar mais cargos de secretários e assessores para alocar os membros da sua quadrilha pessoal, a que terá a missão de arrasar os cofres públicos de Minas para assegurar recursos para a sua pretensa campanha eleitoral visando suceder Dilma ou, no mínimo, se tornar o candidato a vice de Lula.

Quando diz que a falta de água é consequência da falta de planejamento da gestão anterior, Vossa Excelência deveria ter aberto um parágrafo para dizer que a crise energética por que passa o País é consequência da falta de planejamento do desGoverno Federal, do qual fez parte como ministro nº 1 da presidente "Dilma Pasadena Roussef".

Quando afirma que Minas nunca teve "Déficit Zero", deveria dizer se a propaganda do desGoverno Federal, desde os tempos de "Lulla da Rose", de que a dívida externa foi paga, é verdadeira.

Ademais, Senhor Governador Pimentel, quem desviou recursos do Minha Casa, Minha Vida, do Programa Olho Vivo, da compra de armas para a Guarda Municipal (que nem arma pode usar); quem recebeu recursos desviados de Furnas, quem recebeu recursos do Mensalão, quem recebeu para fazer inúmeras consultorias sem que as mesmas fossem prestadas; quem fez a reforma administrativa que criou mais de 50 secretarias municipais e mais de 2.000 gerências, não para melhorar a prestação de serviços para a população, mas para garantir a remuneração de militantes-cabos eleitorais-dizimistas; quem tirou os ambulantes das ruas, não pelos motivos que a sociedade conheceu, mas para efetivação de um negócio milionário com o aluguel de espaços em Centros Comerciais Populares (Shoppings Populares) e, sobretudo, quem pisou no pescoço do então prefeito licenciado Dr. Célio de Castro, impondo-lhe por Lei uma aposentadoria com o intuito de antecipar sua efetivação e respectiva autonomia no cargo de Prefeito da Capital, não poderia jamais ocupar o Governo do Estado de Minas, mas, já que não faltaram escrúpulos para mentir para a população nem para usar a máquina federal, como fez com os Correios, caberá ao tempo, e que seja breve, a tarefa de aniquilar esse câncer.

Saiba, governador, que Vossa Excelência, que já é desprezível para aqueles que o conhecem minimamente (e eu o conheço um pouco mais que 'minimamente'), se tornará, a toque de caixa, desprezível para todos os mineiros. Sua insana busca pelo poder vai reduzi-lo, muito antes do que Vossa Excelência imagina, na insignificância de onde nunca deveria ter saído.

Leonel Porto, jornalista e cidadão de Minas.

Blog do Leonel Porto: O partido dos últimos dias

Blog do Leonel Porto: O partido dos últimos dias

O partido dos últimos dias





Rodando quase 1500 km no estado do Piauí, nem sempre com internet, vivi, como grande parte do planeta, o assombro da queda do avião nos Alpes. Um amigo mostrou um desenho circulando na internet: Lula batendo na porta da cabine de um avião, gritando: “Abra essa maldita porta!” É apenas um dos centenas de memes que circulam na rede. Mas impreciso. Dilma não quer se suicidar, nem deseja nossa morte. Lula, se entrasse na cabine, não teria mais condições de controlar o avião. Os tempos mudaram, e, parcialmente, a crise brasileira é também produto de sua política.

Numa pausa no Hotel Nobre (R$20 a diária com ventilador e R$40 com ar condicionado) abri a janela para noite da cidade de Castelo do Piauí e acho que compreendi melhor o rumo das coisas no Brasil.

Dilma perdeu a iniciativa na política. Quem impõe sua agenda é o PMDB. Pragmático, confuso, controlando o Congresso, o PMDB dá as cartas. Não sabemos aonde quer chegar. Percebemos apenas que marca Dilma para não deixá-la andar.

Dilma perdeu a iniciativa na economia. Foi necessário chamar um técnico, como somos obrigados a fazer quando máquinas e conexões desandam em nossa casa. Joaquim Levy conduz a política econômica, dialoga com o Congresso e, de vez em quando, inadvertidamente, critica a própria Dilma. 
O programa de isenção para estimular as empresas foi chamado de brincadeira que custou caro.

Numa palestra em inglês, Levy disse que Dilma nem sempre toma o caminho mais fácil para realizar as coisas e, às vezes, não é eficaz. A primeira etapa da frase parece-me até elogiosa: nem sempre escolhe o caminho mais fácil. Esse traço está presente em muitas pessoas que venceram adversidades, ou recusaram caminhos eticamente condenáveis.

Nem sempre somos eficazes como queríamos. Isto é válido para todos, de uma certa forma. O problema é que Dilma é presidente, e Levy, seu ministro.

Ministros não falam assim de seus presidentes, sobretudo quando se encontram isolados, são recebidos com batidas de caçarola ou perdem, vertiginosamente, a aprovação popular, ao cabo de uma eleição cheia de falsas promessas.

Domingo que vem haverá novas manifestações. O tema será “Fora Dilma”. Possivelmente, os manifestantes pedirão que leve o PT com ela.

Na minha análise, Dilma está saindo de forma lenta e gradual. Ao perder terreno para o PMDB, deixa, discretamente a política, onde nunca entrou com os dois pés.

Ao escolher Joaquim Levy e definir um necessário ajuste econômico, perde terreno para o PSDB, que defendia uma correção de rumos.

Resta o campo social, área muito difícil de fazer avançar em tempos de crise econômica. Seu único trunfo é o PT, que combate a nova política e já está pronto a atribuí-la ao adversário, caso fracasse.

Dilma escolheu um novo secretario de comunicação. Ouço alguém dizer na rádio que uma das qualidades de Edinho Silva é acordar cedo e ler todos os jornais. A entrevista não esclarece se ele entende o que lê. Talvez tenha um pouco de resistência a políticos tratados no diminutivo. No entanto, nunca soube dos conhecimentos de Edinho na comunicação. Se as tivesse, já teria sido chamado, pois a crise já dura meses.

Creio que todos esses fatores fazem com que Dilma vá deixando lentamente a cena política, como a luz de um navio visto do cais, distanciando-se num oceano escuro. O partido dela acha, no meu entender com razão, que os mais vulneráveis devem sofrer menos, ganhar um tempo de adaptação à crise.

Mas o PT não faz nenhum gesto para reduzir ministérios e demitir os milhares de companheiros que se acomodaram na máquina do governo. Nem tem a mínima ideia de por onde começar a cortar os gastos oficiais. O PT apenas defende os pobres, mas se dedica radicalmente a ampliar a própria riqueza.

Leio que numa recente reunião, no mesmo tom militar, o PT afirmou que estava diante de uma campanha de cerco e aniquilamento. Simples assim: estavam marchando pela floresta e, repente, os adversários armaram um cerco de vários anéis. Jamais se perguntam como entraram nessa enrascada. Lula se diz o brasileiro mais indignado com a corrupção que ele mesmo comandou, ao montar o esquema político na Petrobras.

Já não são muitos os que levam Lula ao pé da letra. Alguns petistas bem-intencionados falam que a saída é voltar às origens. No passado, quando nos estrepávamos, sempre surgia alguém dizendo: “Precisamos voltar às origens, reler Marx”.

É uma saída com tintas religiosas. Muitas novas seitas surgiram assim: é preciso reler a Bíblia e dar a ela uma verdadeira interpretação.

Não há livro que salve quando não se examina nem se assume em profundidade os erros cometidos. A história não se explica com categorias religiosas, por mais respeitáveis que sejam os impulsos místicos.

A chamada volta às origens criaria apenas o PT do reino de Deus, o PT dos últimos dias, o PT quadrangular.


Artigo de Fernando Gabeira, publicado em sua coluna dominical de O Globo, de 05 de abril/2015.